Seja Bem Vindo

Seja Bem vindo. Hoje é

UEM TEM PRIMEIRO INDÍGENA A CONCLUIR MESTRADO NO PARANÁ

UEM TEM PRIMEIRO INDÍGENA A CONCLUIR MESTRADO NO PARANÁ 



O professor da Educação Básica, Florencio Rekayg Fernandes apresentou, no dia 05/05/2016, na Universidade Estadual de Maringá, sua defesa de dissertação no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE), tornando-se o primeiro indígena do Paraná a concluir um curso em nível de mestrado.

Da etnia Kaingang, ele apresentou o trabalho Formação e Atuação de Professores Pedagogos Indígenas no Paraná, sob a orientação da professora Rosângela Célia Faustino, do Departamento de Teoria e Prática da Educação.

Com isso, vale dizer que a Universidade Estadual de Maringá alcançou mais um marco histórico no Estado ao entregar o primeiro título de mestrado a um professor indígena bilíngue. A UEM é, também, a instituição que formou o maior número de estudantes indígenas no ensino superior do Paraná, mesmo sendo a universidade mais distante das terras indígenas.

Estas conquistas são possíveis pelo trabalho efetivo de pesquisadores do Programa Interdisciplinar de Estudos de Populações / Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história (LAEE/UEM), onde está sediado o Observatório da Educação Escolar Indígena OBEDUC/INDÍGENA, Programa financiado pela (CAPES/INEP/SECADI) que visa, principalmente, proporcionar a articulação entre pós-graduação, licenciaturas e escolas de educação básica estimulando a produção acadêmica e a formação de pós-graduados, em nível de mestrado e doutorado.

A dissertação aborda a relevância do trabalho de pedagogos indígenas para a consolidação da escola intercultural e bilíngue no Paraná.

Florêncio foi alfabetizado em língua kaingang – sua língua materna – pelo professor Roberto Mineiro, nos anos de 1980, na Terra Indígena Rio das Cobras, e, só após se apropriar da língua escrita kaingang, foi alfabetizado em língua portuguesa; o que lhe possibilitou o domínio pleno das duas línguas e o manejo tanto dos conhecimentos indígenas como da ciência ocidental, haja vista que o professor indígena foi aprovado no concorrido processo seletivo do PPE/UEM (Nota 5 CAPES).

Fizeram parte da Banca de defesa as professoras Drª Maria Simone Jacomini Novak – Diretora de Ensino da UNESPAR/PR, Drª Tania dos Santos Alvarez da Silva, do PPE/UEM, Drª Isabel Cristina Rodrigues, coordenadora da CUIA – Comissão Universidade para os Índios UEM e Drª Carla Vestena Blum do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICENTRO.

Para que se efetive a educação intercultural e Bilíngue (garantida pela Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação e legislações complementares) em todas as escolas indígenas do estado, é fundamental que as universidades cumpram seu papel na formação de pedagogos.

Conforme as determinações do Conselho Nacional de Educação (CNE), estes profissionais são habilitados para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. As atividades do pedagogo também compreendem participação na organização e gestão escolar, englobando: planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação;
O CNE define ainda que, no caso dos professores indígenas e de professores que atuam em escolas indígenas, dada a particularidade das populações, os pedagogos deverão promover o diálogo entre conhecimentos, valores, modos de vida, orientações filosóficas, políticas e religiosas próprias à cultura do povo indígena junto a quem atuam e os provenientes da sociedade envolvente; atuando como agentes interculturais, para a valorização e estudo de temas indígenas relevantes.

Na gestão escolar, pedagogos e pedagogas indígenas, com a participação de suas comunidades estão aptos a coordenar, em parceria com a SEED – Secretaria de Estado da Educação e Núcleos Regionais de Educação, propostas pedagógicas e currículos adequados às diferentes realidades sociolinguísticas e socioculturais de cada terra indígena no estado do Paraná.

Com a aprovação da Lei Estadual 13.134 de 2001, que determinou o acesso de indígenas ao ensino superior no Paraná e a permanência, afiançada pela SETI – Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, com bolsas de estudos; juntas a UEM, UENP, UEPG, UNICENTRO e UNIOESTE já graduaram 14 pedagogas e pedagogos no Paraná provenientes das etnias Guarani e Kaingang.

Em decorrência dos mais de 500 anos de exploração e exclusão, sofridos pelos povos indígenas no Brasil, não é fácil aos estudantes o acesso, a permanência e a formação no ensino superior.

As 4 (quatro) pedagogas formadas pela UEM, 2 (duas) Guarani e 2 (duas) Kaingang, participaram de projetos de pesquisa e extensão coordenados pela professora Rosangela Faustino. Joelma Lourenço Pirai da Terra Indígena (TI) Barão de Antonina e Rosilda da Silva, da TI Laranjinha, foram bolsistas do Programa Estadual Universidade Sem Fronteiras. Licia Gaotan Guilherme, pedagoga na TI Apucaraninha e Suzan Vafej Cipriano, pedagoga na TI Mangueirinha, participaram do Observatório da Educação Escolar Indígena.

Por estas conquistas, agradecemos à CAPES, ao Governo do Paraná (SETI e SEED), às lideranças e comunidades indígenas, aos coordenadores dos Núcleos Regionais de Educação, aos diretores, professores e equipes pedagógicas das escolas indígenas que ajudam a construir uma educação básica indígena de qualidade incentivando jovens Kaingang, Guarani e Xetá a ingressar nas universidades.

Agradecemos também, à ASSINDI – Associação Indigenista de Maringá pelo acolhimento que realiza com alguns estudantes da UEM e famílias de trabalhadores artesãos, bem como ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Indígena no Paraná (GEPEI/UEM-CNPq) que desenvolve projetos envolvendo estudantes indígenas do ensino superior.


Observatório da Educação Escolar Indígena (CAPES/INEP/SECADI)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ-PR

Obeduc Indígena UEM

O Programa Observatório da Educação (OBEDUC) é resultado da parceria entre a Capes, o INEP e a SECADI com o objetivo de fomentar estudos e pesquisas em educação, que utilizem a infraestrutura disponível das Instituições de Educação Superior – IES e as bases de dados existentes no INEP. O programa visa, principalmente, proporcionar a articulação entre pós-graduação, licenciaturas e escolas de educação básica e estimular a produção acadêmica e a formação de recursos pós-graduados, em nível de mestrado e doutorado.


Neste BLOG, o OBEDUC, Observatório da Educação Escolar Indígena da Universidade Estadual de Maringá-PR que teve início em 2010, divulga as ações do Projeto intitulado: Interculturalidade e interdisciplinaridade na educação escolar indígena no Paraná: contribuição à alfabetização, formação de professores e elaboração de materiais didáticos bilíngues disponibilizando notícias relacionadas à formação de professores indígenas, cursos, produção de materiais didáticos bilíngues, dissertações, teses e demais ações desenvolvidas no âmbito da pesquisa.